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terça-feira, 5 de outubro de 2021

"Não é engraçado como no dia a dia nada muda, mas quando olhas para trás tudo está diferente?"

Esta frase significa tanto, porque é mesmo verdade. A última vez que escrevi aqui foi em maio de 2020 e agora olhando para trás percebo que aquilo que eu sentia (romanticamente) na altura, definitivamente que não é o mesmo que sinto agora. Por vezes a vida coloca certas pessoas na nossa vida, não para durarem para sempre mas para nos trazerem lições. Apenas isso. O Eduardo apareceu na minha vida, novamente, no ano passado. Na altura olhei para aquilo como "o destino a juntar-nos", porque a verdade é que quando alguém aparece na nossa vida duas vezes, claro que vamos pensar que pela 2ª vez vai dar certo. Mas não deu. Também como é que poderia dar certo, se o meu coração ainda pertencia a outra pessoa? Eu desde adolescente que não conseguia estar sozinha. Nunca fazia o "luto" duma relação. Acabava uma e estava logo pronta para a próxima.  E fiz a mesma asneira outra vez. Queria tanto estar numa relação, queria tanto esquecer um rapaz, ao ponto de forçar o que não tinha de ser. E é aí que erramos: queremos tanto estar com alguém que nem paramos para pensar se na realidade aquela pessoa é alguém com quem nos identificamos de verdade. Eu sentia-me bem com ele, sentia que "era para ser". Sentia que seria ele a fazer-me esquecer-te. Mas nas discussões eu percebia que não ia ser fácil. Contigo, não havia ninguém para comparar, pois tu foste a pessoa que mais me fez feliz. E com o Eduardo, eu percebi que ia ser preciso haver muito mais para parar de fazer comparações. É como se tivesses mudado completamente a minha definição de "namorado perfeito". Antes de ti eu não tinha nenhum grau de exigência no que toca a "escolher rapazes", mas depois do que vivemos, do que me fizeste sentir, bom ou mau, eu não aceito nada menos do que um Henrique. E infelizmente comecei a pensar assim tarde...
Bastou uma mensagem tua e a minha relação com o Eduardo mudou. Mesmo após 1 ano, tu continuavas a ter uma influência enorme em mim. Fui covarde. Devia ter acabado a minha relação após 1 dia, porque eu soube exatamente na altura que ainda gostava de ti, mas ainda aguentei 5 meses estando numa relação que não era feliz só porque tinha medo de ficar sozinha. Medo de acabar e arrepender-me depois. Medo de o deixar ir e depois perceber que gostava era dele e que tu eras apenas uma parte do passado que gostava de relembrar. Mas só me estava a enganar a mim própria. E então fiz a única coisa que estava ao meu alcance: ser adulta. E foi das escolhas mais difíceis que tive de fazer. Sermos magoados dói, mas magoarmos alguém que não merece é mil vezes pior. Fi-lo com incerteza de como estaria dali a 1 semana. Seria a decisão acertada? Devia apenas ter pedido um tempo para pensar? Ia-me arrepender ou seria tudo em prol de um futuro melhor para os dois, apesar que por caminhos separados? 

E após 8 meses, garanto que foi a melhor decisão. Para os dois. A melhor decisão porquê? Porque, pelo que sei, o Eduardo está numa fase ótima da sua vida. Foi renovado no seu emprego por mais 3 anos, emagreceu 10kg pois adotou um estilo de vida muito mais saudável, continua a fazer festas com os seus amigos. E, acima de tudo, seguiu em frente.
Eu, continuei a trabalhar na Decathlon, continuei a criar momentos únicos com os meus amigos, fiquei a tomar conta das casas de alguns familiares enquanto viajavam, e claro que aproveitei a oportunidade para juntar algum pessoal lá em casa. Tomei conta dos cães do meu padrinho, ao que adorei a experiência, mas percebi que é cansativo passear 3 cães ao mesmo tempo, duas/três vezes ao dia. Tive alguns "crushes" mas rapidamente perdi o interesse, pois percebi que não tinha paciência e pela primeira vez estava bem sozinha. Gastei imenso dinheiro a comer fora (o normal), e pela primeira vez viajei até à Ilha de Santa Maria, com as minhas melhores amigas. Divertimo-nos imenso e foi uma viagem super especial, até porque nunca tínhamos viajado as três juntas. Mas a maior conquista deste ano foi ter entrado no curso da PSP. Ser polícia é um sonho tornado realidade, e de todas as felicitações que recebi, a tua foi a única que eu fiquei sempre à espera. Muita coisa mudou num ano, mas o sentimento por ti continua presente. Mas, acima de tudo, sinto-me bem  porque já não magoa como antes. São pensamentos que vêm à tona de vez em quando, mas já não permanecem durante muito tempo. E quem sabe, se daqui a 1 ano, não irei conseguir passar 2 dias inteiros sem me lembrar de ti?

Sofia Pinheiro, 5/10/21